quinta-feira, 29 de julho de 2010

Copa 2014

Ainda vamos colocar um post sobre a copa de 2014 e o Brasil como sede, considerando nossa experiência na África. Enquanto não colocamos as idéias no papel, ou melhor, no blog, segue um texto bacana da Barbara Gancia que saiu na revista São Paulo do último domingo.


BARBARA GANCIA - Da época do avião a lenha
No embarque para a França, o funcionário da companhia aérea tratou de me alertar sobre o encontro com Robespierre e madame Guillotine que me aguardava na volta para casa: "Estou vendo aqui no seu bilhete que a senhora vai voltar no voo do terror".

Pensei comigo que isso não podia ser boa coisa. Mas como estava a caminho da Provence, lugar que considero o mais abençoado do mundo, o aviso do rapaz da Air France se dissipou no ar feito o aroma da flor da lavanda depois do pôr do sol.

Desembarquei no aeroporto de Guarulhos, vinda de Paris, num voo em que tudo correu às mil maravilhas. "Agora é só São Longuinho providenciar as malas e estarei em casa num pulo", calculei, assim que fincamos pé em solo tapuia.

Mas a coisa começou a desandar conforme previsão do rapaz do guichê de embarque. Não é nada que aconteça de forma brusca. São anos de negligência que vão impactando o passageiro em vários bloquinhos de Lego distintos. Um de falta de espaço, outro de falta de conforto, outro de falta de serviço, mais um de falta de ar-condicionado, e assim sucessivamente, até você montar um predinho. De repente, quando se dá conta, você está na imigração do aeroporto de Heathrow nos anos 70 e não é cidadão britânico -experiência, garanto, que conta entre as piores da história da aviação comercial.

O sol ainda não tinha nascido quando fomos encaminhados feito gado de corte para a fila da Polícia Federal. Nunca tinha visto a fileira começar ali, perto dos "fingers" dos aviões. A cada cinco minutos, um agente da Polícia Federal surgia para anunciar aos altos brados: "Fórner, this way!" No enésimo berro, deduzi que o tal sr. Fórner fosse um passageiro surdo ou, quem sabe, também cego e perneta e estivesse encontrando dificuldades para serpear pelos apertados corredores. "Não, a senhora não entendeu", corrigiu-me a turista acidental ao meu lado. "Ele está chamando os 'foreigners', os estrangeiros." Ah, tá.

Foram preciso quase duas horas de fila, mais 20 minutos diante da esteira de bagagens, mais não sei quantos esbarrões que eu tomei no calcanhar, cortesia do trole de malas do passageiro que estava atrás de mim, e mais outra horinha na fila para passar pela alfândega até ver a cor da rua e o sol a pino.

Vivi praticamente a vida inteira em São Paulo, tudo o que me é de mais caro está aqui. Mas e o turista que vem para cá de livre espontânea ou virá para assistir aos jogos da Copa do Mundo? Será que ele está disposto a passar por esse calvário? Será que ele terá ânimo de deixar para trás em São Paulo seus suados euros e dólares?

Nossos estádios não atendem ao modelo de entretenimento atual, que traz retorno quando bem executado em tudo que é canto do mundo. E nossos aeroportos antecedem a Santos Dumont. Arregaçar as mangas, só depois das eleições. E a vida vai passando...

2 comentários:

  1. que tal propor já cursos de boas maneiras em ingles!! talvez trabalhar para formar a infra estrutura de atendimento seja mai$$ produtivo.

    bjs Vanice
    continuo com a intenção de montar um glossário sobre são paulo
    o que é um "virado a paulista" rsrsrs

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  2. Vanice!! Preciso responder seu e-mail, os planos ainda estão de pé, me aguarde!
    Beijos
    Carol

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